top of page

O conceito de "Trabalhinho de Evertoniano". - Análise do Pentão #71

  • Foto do escritor: Penta Rodriguez
    Penta Rodriguez
  • há 3 dias
  • 6 min de leitura

Eu começo esse texto trazendo a vocês um nome pra aquilo que talvez seja a dor mais agoniante que um torcedor pode passar. Pode durar anos e parece nunca ter fim. E quando digo que pode durar anos, é porque pode durar MUITOS anos. Por exemplo, você tem noção do que são trinta anos? Cabem 8 copas do mundo e 8 olimpíadas de verão nesse período.

Este é o tempo que faz desde que o Everton, um dos clubes mais tradicionais da Inglaterra, levantou seu último troféu.

A FA Cup de 1994-95. Foi a primeira a ter um patrocinador, a Littlewoods, empresa de varejo que pra vocês terem ideia do tempo, nem existe mais. No dia 20 de maio de 1995, Paul Rideout marcou para o Everton contra o Manchester United em Wembley para dar a vitória de 1x0 aos azuis, neste que, como dito antes, é o último título do clube até a data em que escrevo este texto.

Mas isso não é a pior parte. Vocês sabem onde eu quero chegar aqui. O rival do Everton é o ainda mais tradicional e principalmente vencedor Liverpool. Em todos esses trinta anos onde o Everton já até flertou com o rebaixamento para a Championship, o Liverpool comemorou uma Europa League, duas Champions Leagues, três Supercopas da UEFA, um Mundial de Clubes, três Supercopas Inglesas, cinco Copas da Liga, três FA Cups e duas Premier Leagues. E tudo que o torcedor do Everton pode fazer é torcer pra esses números não aumentarem enquanto seu clube briga pela décima terceira posição na tabela, tomando pressão do recém promovido Ipswich Town.

E é daí que vem o termo Trabalhinho de Evertoniano. Ver o seu time sucumbir a mediocridade enquanto você mais seca o rival do que torce pro seu time.

É horrível, e é ainda pior quando você já esteve do outro lado da moeda. Não é o caso do Everton, mas é capaz de acontecer, talvez até seja comum, se estivermos num país com muitos times grandes. Como por exemplo, o Brasil.

Você sabe do que eu estou falando.

Já se passaram treze anos. Treze malditos anos desde o dia em que Emerson Sheik marcou duas vezes e o árbitro Wilmar Roldan apitou para dar fim a anos de espera. O Corinthians conquistava sua primeira Libertadores em campanha histórica e invicta, e depois seria campeão mundial no fim daquele ano. Treze anos depois e quase nada disso parece sequer importar, sendo apenas aquela memória que eu pesquiso no YouTube, às uma hora e meia da manhã, tentando ver como era a vida quando eu ainda tinha um brilho nos olhos quando assistia esse esporte.

Acabar um jogo aleatório contra o Náutico no Pacaembu domingo de tarde com narração do Cléber Machado pra depois ver o Faustão, enquanto o Palmeiras com patrocínio da Kia amargava uma disputa contra o Z4. Treze anos depois, nem sequer Cléber e Fausto estão na Globo ainda.

Enquanto isso, em 2025, eu precisei ficar vigiando um Huracán e América de Cali pela quinta rodada da Copa Sul-Americana, porque influenciava o meu time na tabela. No fim a gente nem passou de fase nessa bosta sem graça. Nem o Verstappen salva mais meus fins de semana, igual fazia em 2022 e 2023. O que parecia um pódio certo na Espanha se transformou numa tragédia em forma de P10, com mais três pontos de penalidade pro Verstappen após batida com George Russell, numa sequência de desastres. Se ele fizer merda de novo, fica fora de uma corrida.

E enquanto isso, o rival que lá atrás não era nem uma ameaça, após receber investimentos de uma empresa de crédito pessoal em 2015, se transformou em um time copeiro. E todo dia eu tenho que ver a mídia glorificando esses merdas e os juízes ajudando, porque a Margaret Thatcher da Pompeia provavelmente influencia esses desgraçados nos bastidores.

"Ah, Penta, é exagero comparar a Leila com a Thatcher." Amigo, não sou eu que estou dizendo, foi ela que fez isso.

Palmeiras tem ligação com o fascismo italiano
Palmeiras tem ligação com o fascismo italiano

Esse é o Trabalhinho de Evertoniano. Se contentar com a mediocridade. Vencer de vez em nunca. Comemorar empate. Como disse o próprio Virgil Van Dijk, capitão do Liverpool, após aquele empate em 2x2 com o Everton no Goodison Park em fevereiro: "Esta é a final de copa deles." E realmente é. Eu vivi isso. A noite de 27 de março desse ano foi uma das melhores coisas da minha vida recente. Eu amei aquela porra daquela noite. Mas foi só um Paulista. Uma semana depois já é passado e não importa. Mas se você ganha um Brasileirão, uma Libertadores, o ego e a moral vão lá em cima por MESES. Pega aquele empate em 2x2: na hora eu odiei, agora nem importa. Mas e esse título da Premier League? Eu sei que tem evertoniano triste até agora.


Tem só mais uma coisa que eu queria falar.

A rivalidade Everton e Liverpool é amigável, no fim do dia. Sim. Um dos apelidos do Merseyside Derby é até "Friendly Derby". Literalmente o Derby da Amizade.

Os dois clubes se respeitam. Quando aconteceu a tragédia de Hillsborough e o Liverpool baniu o The Sun do estádio depois deles espalharem notícias falsas sobre o que aconteceu, culpando a torcida dos reds, o Everton também baniu repórteres do tabloide de seu estádio. Existe uma relação de respeito mútuo muito forte ali.


Um Corinthians e Palmeiras não é assim. A gente não é o Everton.


O Corinthians é um dos clubes que mais arrecada no Brasil. É o segundo de maior torcida, somente atrás do Flamengo. É um dos mais relevantes do país. É só ver como tudo sobre esse clube vira pauta na mídia. Semana passada tava todo mundo esperneando porque o Hugo Souza colocou um filtro preto e branco nas fotos que postou do treino com a seleção no Instagram. Acharam que ele só tinha feito isso porque o uniforme de treino da seleção brasileira é verde.


O Corinthians não é o Everton, o Corinthians é o Manchester United atual. Um time que pertence a prateleira dos grandes passando por uma crise sem fim.


Da mesma maneira, o Palmeiras não é o Liverpool. Longe disso. O Liverpool tem classe, tem caráter. O Palmeiras é o Manchester City. Ficou grande depois que um investidor quis botar dinheiro ali. Primeiro a Parmalat, depois a Crefisa. Sem a Crefisa, o Palmeiras estaria na Série B. Sem Sheik Mansour, o City estaria na Championship.

Estamos diante do Manchester Derby brasileiro.

Eu só chamo de Trabalhinho de Evertoniano porque a situação do Everton parece ser mais comparável. O torcedor do United nem liga pro sucesso do City. O United tem dez vezes o legado do City, o que mais importa pra eles é ver o Liverpool perder.

Já o corinthiano sim, precisa se importar com o sucesso do Palmares. E olha só, é a primeira vez que eu chamo o rival pelo banter name nesse texto. Pois é, eu cansei de escrever certo.


A gente teve a faca e o queijo na mão pra dominar o continente todo durante toda a década passada. Depois de 2012, depois de 2015, quem sabe até depois de 2017. Falhamos. Em todas as vezes.

O rival se aproveitou da nossa sucessão de fracassos e empatou em títulos de Libertadores com São Paulo e Santos. E ficamos aqui. Sem absolutamente nada a não ser um único Paulista em cima deles nos últimos seis anos. Mediocridade que é fruto de anos e anos de uma máfia de conselheiros sugando tudo do clube.

E amanhã o Trabalhinho de Evertoniano continua. Esse time vai me forçar a torcer pro terceiro colocado do campeonato português, e vamos ser sinceros? Esse Porto é um adversário vencível pra caralho pro Palmares. Esse domingo vai acabar em tanta, mas tanta desgraça.

Estamos na pior timeline. Era só o maldito do Andreas Pereira não ter escorregado em solo uruguaio, quatro anos atrás. Se não fosse isso, estaríamos um pouco melhores agora.


Acho que isso é tudo que eu tinha pra falar por hoje. Que amanhã nós tenhamos sucesso no trabalhinho de evertoniano, e eu possa postar os mesmos memes que posto há seis anos, toda vez que o futebol nos é generoso. Enquanto isso, o Corinthians segue na mediocridade, se tornando, tal como o Manchester United, uma sombra do que um dia já foi.

Liverpool, por favor domina a europa com o Florian Wirtz. Eu preciso de você.
Liverpool, por favor domina a europa com o Florian Wirtz. Eu preciso de você.

 
 
 

Comments


Post: Blog2_Post
bottom of page