Boa noite e formosura! O ano é outro, o pinguim agora é mais do que um amigo, as fitas adesivas grudarão mais do que nunca, o cão já não se arrepende de nada… mas o post é sobre a mesmíssima coisa e a visão continua sem qualificação. Mas enxerga bem, se esforça.
Eu gostaria bastante de ter feito outras listas e pensado em mais tipos de postagens para trazer aqui, mas o trabalho demandando tempo e descanso, apesar da vida pessoal vir na crescente, me impediu. Portanto, trago aqui, de novo, meu ranking dos participantes do Eurovision Song Contest de 2024, de acordo simplesmente com minha formosa opinião, que de maneira nenhuma é profissional, ao menos não ainda.
Neste ano, no entanto, é necessário ressaltar, e assim o farei, de forma curta e grossa: Israel não estará incluso na lista. Assim como no ano passado (e no ano passado apenas não mencionei porque o post fora feito antes de eu receber o contato), farei parte do júri do Conselho Eurovisivo, simulação de como funcionaria caso o Brasil participasse do festival, uma iniciativa do portal Kolibli. Lá, há também um editorial explicando a não-inclusão de Israel no Conselho, com o qual eu concordo inexoravelmente, e um guia para iniciantes para quem aqui chegar de paraquedas e não souber o que é Eurovision, mas ter interesse.
Também é importante deixar claro que o evento acontece na semana que vem, com semifinais nos dias 7 (terça-feira) e 9 (quinta-feira) e a Grande Final no dia 11 de maio (sábado). Logo, obviamente, esta é uma lista feita antes: muitas músicas acabam sendo valorizadas ou prejudicadas pela apresentação ao vivo. Com tudo esclarecido, vamos à lista deste ano:
36 • Bambie Thug - Doomsday Blue | Irlanda
Avada Kedavra? Sério? Eu sou contra o uso desmedido da palavra cringe, afinal, ela perde totalmente o impacto que deveria ter na hora de caracterizar algo como isto aqui. Para ser ruim, precisa melhorar muito — parece uma sátira generalizando qualquer gênero musical "alternativo", e ainda assim forçada e mal feita.
35 • Saba - Sand | Dinamarca
Nada aqui mostra qualquer criatividade. Excelente voz, claro, mas nada além disso. A música lembra, sinceramente, um anúncio do YouTube, e o palco consiste em luzes brancas e a cantora de braços abertos.
34 • Hera Björk - Scared of Heights | Islândia
Este ano, mais uma vez, temos uma música digna de provador em loja de roupas. Hera Björk retorna após 14 anos com uma música muito, mas muito menos interessante do que a participação dela na edição de 2010.
33 • Electric Fields - One Milkali (One Blood) | Austrália
A Austrália conseguiu permanecer no evento e essa é a notícia boa. A notícia ruim é a música escolhida pela emissora. Certamente, há uma frase no idioma yankunytjatjara e um didjeridu compondo parte do arranjo para valorizar, mas a música teria que mudar bastante ao vivo para que, para mim, não fosse simplesmente alguma intro do canal LorenzoGameplays.
32 • Slimane - Mon Amour | França
A voz é espetacular, a progressão da música é divina e com certeza haverá votação expressiva, principalmente por parte dos júris. Contudo, eu não consigo gostar dessa letra de jeito algum. Chega a parecer que foi gerada por uma IA. Oui, s'il te plaît, allez reviens à Paris…
31 • Besa - Titan | Albânia
Houve uma regravação e isso trouxe a Titan um melhor arranjo, uma batida mais marcante, mas também matou um pouco da melodia e da unicidade por conta da tradução para o inglês. No fim, apenas não chama atenção em meio à maioria.
30 • Sarah Bonnici - Loop | Malta
Se no caso da Albânia, a regravação trouxe prós e contras, aqui foram apenas derrotas. O refrão era muito mais agradável sem a subida de nota. Além disso, não sou de comentar este tipo de coisa, mas aqui é gritante: com certeza nada aqui lembra, de forma alguma, a representante da Espanha em 2022…
29 • Iolanda - Grito | Portugal
Escolha segura, porém… chata. A letra, no célebre português, como de praxe, é boa, mas o refrão para mim se torna facilmente repetitivo. Pessoalmente, não gosto, mas com o grande vocal dela, pode e deve ir para a final.
28 • Natalia Barbu - In the Middle | Moldávia
O instrumental com os violinos me agrada bastante, porém, a música chega a ser cacófona com o refrão sem letra que fica na cabeça contra a vontade. O soprano ao fim parece completamente aleatório, jogado na música só como uma demonstração de potência vocal (que a Natalia já mostrou ter em 2007, de uma maneira muito mais agradável, inclusive) sem muito a fazer na harmonia em si.
27 • Marina Satti - Zari | Grécia
Minha primeira impressão tinha sido muito boa: o carisma da Marina é inegável, mas nessa música, pelo menos, é o carisma de um vídeo viral antigo que, do nada, veio à cabeça, e aí por ele procuramos para assistir de novo e dar um pouco de risada… e é isso. O refrão se tornou rapidamente enjoativo para mim, assim como o timbre da voz dela.
26 • Silia Kapsis - Liar | Chipre
Chipre, mais uma vez, trazendo pop que tocaria tranquilamente numa rádio durante a tarde ou entre uma música e outra no Spotify gratuito. Não é de meu gosto pessoal, mas inegável que é uma receita para pelo menos uma classificação tranquila para a final.
25 • Teya Dora - Ramonda | Sérvia
Uma música de mensagem forte, carregada de referências às vidas perdidas na Primeira Guerra Mundial, mas conectando isso também aos problemas psicológicos tanto enfrentados por quem foi embora ou esperou por familiares nas frentes, quanto por quem hoje, também se sente sem esperança.
Apesar de levar tudo isso em consideração… escolha deveras conservadora por parte de uma seletiva que vinha ousando e trazendo apresentações e músicas mais únicas e destacadas. O refrão facilmente se torna repetitivo e tudo aqui, pessoalmente, me é um pouco sonífero.
24 • Isaak - Always on the Run | Alemanha
Depois do crime hediondo que foi Lord of the Lost amargar o último lugar da final no ano passado, a Alemanha não quis ousar tentar de novo. Apesar dos vocais perfeitos, principalmente no último trecho, que inclusive, foram muito bem executados em todas as apresentações ao vivo de Isaak até o momento, não parece algo feito para se destacar de maneira alguma, a não ser pelo… sample de elefante no refrão?
23 • Fahree feat. Ilkin Dovlatov - Özünlə Apar | Azerbaijão
Primeiras frases no idioma azeri em uma canção na história da competição! Fora isso, uma batida decente incorporada a elementos do mugham, gênero musical próprio do país representado. A versão gravada não se destaca tanto em meio às outras músicas ao que ouço, mas é pelo menos uma das que têm mais espaço para crescer ao vivo em Malmö.
22 • Gåte - Ulveham | Noruega
O instrumental é divino, mas aqui há talvez a maior cisma minha desse ano: o refrão e a voz são para mim extremamente irritantes. Pouco separaria esta canção de um lugar pelo menos dezoito, vinte posições acima em minha lista, mas não consigo ignorar, pelo menos nesta apresentação da seletiva, o quanto principalmente o segmento final da música me incomoda.
21 • Raiven - Veronika | Eslovênia
Músicas com esta carga folclórica têm sido presença constante nas últimas edições. Essa é emblemática, fala sobre a primeira mulher condenada por bruxaria no território que compreende a Eslovênia atual. É maravilhoso, mas aqui, ouço uma atmosfera sendo construída que simplesmente se dissipa. A música antecipa algo que nunca chega a vir. Virá em Malmö, quem sabe?
20 • Olly Alexander - Dizzy | Reino Unido
O começo, principalmente, é bom demais. Também, como citei acima, cria uma expectativa, que para mim, acaba frustrando um pouco, mas não deixa de ser algo gostoso de se ouvir, evocando algo dos anos 2000. Agora, o clipe realmente faz jus ao título da canção, chega a ser até perturbador… fiquei mesmo tonta.
19 • Windows95man - No Rules! | Finlândia
windows
18 • Alyona Alyona & Jerry Heil - Teresa & Maria | Ucrânia
Estas duas parecem ter uma quest muito interessante para me dar para fazer no decorrer da DLC de algum jogo. Bom palco, roupas perfeitas, refrão forte e, mais uma vez, rap em ucraniano. O problema é que ao ouvir três vezes, isoladamente, ignorando a parte visual, já perde completamente o brilho para mim; o que não parece ser o caso da opinião da maioria de quem acompanha, contudo. Ucrânia, de forma justa, deve seguir no 100% de aproveitamento em semifinais.
17 • Marcus & Martinus - Unforgettable | Suécia
Tradicionalmente, se tratando dos artistas representantes do país-sede, o sorteio para determinar a ordem na qual os irmãos apresentarão fora feito antes de termos confirmados todos os demais finalistas. Portanto, sabemos é que eles abrirão a final da edição de 2024 e eu não veria música melhor para isto: refrão simples com um bom drop e… é a música tema do Doom ou eu estou delirando?
16 • Mustii - Before the Party's Over | Bélgica
Vocais fortíssimos e uma progressão que, agora sim, finalmente, corresponde à expectativa que traz. Consigo imaginar votos do júri em peso na Bélgica após uma classificação confortável no ano deveras concorrido no qual estamos, a depender também de como o stage será montado.
15 • Dons - Hollow | Letônia
Uma das minhas vozes favoritas do ano. Foi, entretanto, uma escolha muito segura, até demais, vinda da seletiva letã em meio a uma edição muito diversa e a uma semifinal fortíssima. Desde o ano passado, apenas o público vota nas semifinais. Logo, não sendo algo muito chamativo ao televoto, não vejo a classificação vindo para quebrar a sequência ruim do país báltico, por mais que eu goste e queira ver no dia 11.
14 • Nutsa Buzaladze - Firefighter | Geórgia
Me lembra um pouco K-pop: do título, à coreografia, à batida com as viradas bem variadas. Das mais dançantes, uma das minhas favoritas e uma das que me deixam mais curiosa para ver o que levará ao palco na próxima semana.
13 • Tali - Fighter | Luxemburgo
Talvez não dos mais mirabolantes, mas um bom retorno de Luxemburgo após 31 anos. A letra da música me agrada bastante, apresentada em dois idiomas intercalados, e se a apresentação seguir a linha do que foi a seletiva nacional, creio que conseguirá um resultado bom.
12 • Ladaniva - Jako | Armênia
Acompanhada de um ritmo tradicional local com bastantes instrumentos de sopro, a música tem como título o apelido da vocalista, Jaklin, sendo uma música por ela para ela própria e trazendo a mensagem simples de permitir-se ser quem é. O destaque, no entanto, fica por conta da melodia. É outra apresentação que estou ansiosa para ver ao vivo, e se o palco conseguir simular algo parecido com o que é o clipe, melhor ainda.
11 • Angelina Mango - La Noia | Itália
Presença de palco não falta para Angelina. A letra extensa fala, principalmente, do tédio e de como se busca a qualquer custo algo que quebre esta rotina, com passagens ressaltando o quanto esta pressão incide muito sobretudo nas mulheres. O ritmo de cumbia é inclusive mencionado, como algo que ela dança porque se arriscar a cair pelo menos é algo que quebrará o tédio. Há um refrão intencionalmente repetitivo para ilustrar a mensagem sem se tornar algo maçante e a performance vocal vencedora do Sanremo dispensa predicados. Muito digna do favoritismo atribuído.
10 • 5MIINUST x Puuluup - (Nendest) narkootikumidest ei tea me (küll) midagi | Estônia
Recorde: oficialmente, canção com o título mais longo da história do Eurovision. Boa sorte aos apresentadores que terão que pronunciar. Foi uma das seletivas que acompanhei minuciosamente… e uma que inicialmente havia me decepcionado. No entanto, não há como não gostar, se não pela talharpa, pelos graves ou pelo carisma. Ou pelas drogas, mas aí eu não sei de nada…
9 • Megara - 11:11 | San Marino
Uma banda que diz tocar "rock fúcsia" e adota a cor na estética não me decepcionaria. A letra é despretensiosa, menciona a participação da banda no Benidorm Fest de 2023, e no geral, promete talvez não uma vitória, talvez nem uma classificação, mas um show em meio a tudo.
8 • Nebulossa - Zorra | Espanha
Numa situação no mínimo interessante, assim como temos este ano uma banda que participou do Benidorm em 2023 representando San Marino, temos uma banda que participou da seletiva nacional Una Voce Per San Marino em 2023 representando a Espanha. A letra ressignifica um xingamento: "zorra", em espanhol, significa literalmente "raposa", mas é uma gíria para puta. Além disso, o clipe conta com uma referência à cantora Manuela Trasobares, primeira mulher transgênera a aparecer recorrentemente na mídia espanhola — no vídeo, a vocalista Mery recria uma cena localmente famosa nos anos 90, em que Manuela quebra uma taça de vidro enquanto desabafa a respeito de comentários misóginos e transfóbicos em um programa de televisão.
7 • Joost Klein - Europapa | Holanda
Seria uma maneira animada e eufórica de se contar uma história triste… ou uma motivação triste e sorumbática para se fazer algo feliz? A letra conta a história de um órfão viajando pela Europa, baseando-se na vida do próprio cantor, que perdeu os pais cedo em um acidente. No entanto, sem lugar para melancolia, torna-se uma das músicas mais únicas e aceleradas da edição, trazendo uma expectativa enorme para como ela será trazida ao vivo.
6 • Nemo - The Code | Suíça
Segunda música do ano apresentada por artista não-binárie, mas desta vez, uma que eu gosto (a outra segura a lanterna). As batidas viram muito bem, e do rap aos agudos, Nemo demonstra um talento absurdo no quão bem controla a voz. Allez la Suisse!
5 • Silvester Belt - Luktelk | Lituânia
De longe, a batida mais potente da edição. O vocal suave, que contrasta e complementa o instrumental eletrônico, somado a um palco simples e de luz estroboscópica que não deve mudar muito do que foi apresentado na seletiva, sem sombra de dúvida torna esta uma de minhas favoritas deste disputado ano.
4 • Kaleen - We Will Rave | Áustria
Vibe vinda direto dos anos 90, no melhor dos sentidos! Chega a me lembrar até uma trilha sonora do Killer Instinct Gold. O clipe poderia mostrar um pouco mais da dança que ela promete levar à Suécia, mas de qualquer forma, fico ansiosa para ver a performance ao vivo.
3 • Aiko - Pedestal | República Tcheca
Numa época de descobertas e conquistas pessoais inesperadas minhas, reviravoltas positivas muito repentinas na minha vida, é claro que uma música enérgica sobre amor próprio após decepções com gente outrora querida com certeza cresceria para mim. Sofrendo com bastantes problemas técnicos e falhas em várias performances ao vivo, espero que Aiko se supere e surpreenda nas semis, e tomara, na final.
2 • Luna - The Tower | Polônia
Eu sou fanática por sintetizadores. Luna traz uma música calma, que vai se tornando mais acentuada por vocais e pelo arranjo eletrônico, enquanto ela canta descrevendo vagamente uma situação adversa, e após isso, brada sobre tomar o controle. A mensagem é um pouco rasa, mas ao conjunto, serve. A construção da música é perfeita, a estética do clipe é única e criativa, como torço para que o palco seja, e sem dúvidas, a música estará sendo muito repetida nos meus fones de ouvido.
1 • Baby Lasagna - Rim Tim Tagi Dim | Croácia
Quem não simpatiza com a música, com a história deve simpatizar: em meio a muitos participantes tendo o apoio de gravadoras, com vários nomes, inclusive renomados, sendo creditados pela composição e produção de seus trabalhos, surge uma canção caseira, independente, feita por um cara só sob o nome de BABY LASAGNA (sabe-se lá o porquê desse nome artístico). Nem ia participar da seletiva croata. De repente, na ausência de uma das participantes, concorrera e fora selecionado com 247 votos do público. O segundo lugar do televoto teve 27 votos.
O som é influenciado com força por metal industrial e Neue Deutsche Härte e conta uma história que, em parte, faz jus à própria trajetória do cantor rumo a Malmö (e refere-se, de fato, ao êxodo de jovens deixando a Croácia): um rapaz da roça se despedindo da família para tentar algo na cidade grande, mas não sem antes reunir todo mundo para dançar. O palco funde de forma bem equilibrada o caos estético característico do gênero musical com vestimentas e dança próprias da Ístria, região natal do artista. Minha favorita disparadíssima este ano, por todo o contexto, pelo estilo que me agrada, pela letra e pela melodia em si.
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